I
o pragmatismo nos anima: rivalizar aqui e agora com o neopentecostalismo e as leituras atuais do antigo testamento, as restrições morais impostas por uma interpretação supersticiosa do livro sagrado. disse jesus de nazaré: “antes q abraão fosse, eu sou”.
II
rivalizar com a chantagem do mal — “ele era homicida desde o princípio”.
III
as novelas da record não mentem — o rei david, os dez mandamentos, o templo de salomão, a barba e o quipá do bispo macedo indicam a importação gradual e programada deste deus da ira.
IV
negamos o deus da ira, abraçamos o deus de jesus de nazaré e de jorge ben: “deus é a vida, a luz e a verdade. deus é o amor, a confiança e a felicidade.”
V
o antigo testamento não nos serve hoje como inspiração suprema. não revela uma religião do amor, mas do ódio. é isto que queremos lhe dizer, irmão de cor. a escravidão persiste neste horizonte sombrio.
VI
(hey! pagão: olhe em torno e conte nos dedos seus amigos negros).
VII
o novo testamento destitui as leis do antigo testamento. a reversão é completa. no antigo testamento, deus não tem nome — daí a aniconia, a iconofobia. mas para jesus de nazaré, este materialista delirante, a reviravolta é ainda mais imprevista: "vós sois deuses”.
VIII
“a nova lei comparada à antiga”, é a lei do amor, da tolerância, da grandeza e da solidariedade individual e coletiva. “vós sois deuses” porque somos parte e todo da divindade. a conexão das mentes com a natureza inteira e não apenas com os sacerdotes milionários e os profetas do capital.
IX
o pragmatismo nos anima: no horizonte se vê o grande espectro da escravidão. hoje as irmãs negras e os irmãos negros estão na igreja. se ajudam uns aos outros. levam o irmão doente ao hospital, quebram a barra da irmã negra na feirinha. eles enxergam uma vida para além do crack. o poder da palavra penetra em suas condutas. retiram-se de uma vida de privações (ausência de perspectiva) para uma vida de restrições (perspectivas mediadas).
X
jesus disse: “eu não julgo a ninguém”.
XI
“por que pede esta geração um sinal?” porque ainda portamos as marcas da escravidão. trabalhar cansa.
XII
irmã e irmão negro que hoje professa a religião neopentecostal. diga não a este deus da crueldade e da intolerância cínica. abrace jesus de nazaré, o deus do amor, da tolerância, da concórdia. diga ao pastor, como disse jesus: “eu não sou deste mundo”.
credits
released December 25, 2016
caio paiva guitarra, assovio, percussão, papel de cigarro, violão (nylon)
guilherme lírio guitarra, violão (12 e 6), pocket piano, cigarbox
thiago nassif guitarra, flauta, kalimba, violão (12 e 6), voz
lucas pires playback, k7
renato godoy bateria, sampler
bruno schiavo guitarra
negro leo violão (12 e 6), guitarra, voz, teclado
gravado no alto da boa vista (thiago nassif), copan (bruno schiavo) escritório (lê almeida)
mixagem thiago nassif
arte luís augusto
design gráfico caio paiva
texto bernardo oliveira
todos os txts foram extraídos da bíblia sagrada
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